Há mais de duas décadas trabalhando com pequenos grupos, ouço inúmeras perguntas sobre como ter pequenos grupos que cumprem o seu objetivo. Seja no evangelismo, discipulado, pastoreio dos membros ou crescimento da igreja, líderes querem refletir apenas sobre o bom funcionamento, as estratégias e os melhores métodos.

Mas o que leva os pequenos grupos ao fracasso? Esta pergunta é muito importante! O que deve ser evitado? O que não pode ser negligenciado? Quando o trabalho com ou em pequenos grupos de uma igreja corre sérios riscos? Para responder estas perguntas vou apontar cinco inimigos claros que identifiquei na prática implantando e multiplicando pequenos grupos.

  1. Falta de oração e intimidade com Deus por parte da liderança

“Bendito seja Deus, que não rejeita, nem aparta de mim a sua graça.” Salmo 66: 20

Entendo a oração como o caminho de relacionamento com Deus que vai me conduzir a intimidade com Ele. Uma igreja envolvida com pequenos grupos precisa estar consciente e sensível a voz de Deus. Isto vale para toda liderança. Pequenos Grupos é um grande desafio, com muitas possibilidades e oportunidades, a liderança da igreja (toda ela) precisa depender de Deus, ouvir a sua voz e seguir a direção estabelecida por Ele.

É, portanto, inegociável, para o trabalho com os pequenos grupos uma caminhada de oração vigorosa e constante durante todo o processo e trabalho. Dos membros dos pequenos grupos a liderança principal da igreja buscarem através da oração.

A vida devocional dos líderes deve ser incentivada diariamente pelos pastores. Quanto mais ferramentas e oportunidades para viabilizar e conduzir o povo a oração, maiores as chances de estar na direção certa e alcançar os resultados almejados.

  1. Ausência de conhecimento das Escrituras Sagradas

“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” João 17: 17

Obviamente nunca esperei por parte dos líderes de pequenos grupos que fossem mestres da Bíblia, a grande maioria não cursou um curso de teologia e sempre se respaldam nas aulas recebidas nos cursos de liderança, escola bíblica dominical e pregações dominicais. Contudo, os pequenos grupos têm a necessidade de receber semanalmente uma boa palavra e isto sempre fez e fará a diferença na saúde do grupo.

A vida devocional dos líderes precisa ser diretamente ligada a leitura e estudo da Bíblia. Líderes bem preparados e fundamentados transmitem mais segurança aos membros do pequeno grupo. Por mais óbvio e bem explicado os assuntos nas edificações semanais, defendo a distribuição antecipada do tema aos membros do PG, quanto mais rico e dinâmico for o compartilhamento das escrituras, mais possibilidades de praticar o que foi exposto.

  1. Comunhão entre os membros do Pequeno Grupos

“Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham.” Atos 4: 32

A terceiro inimigo dos pequenos grupos é a falta de relacionamento entre seus membros. A falta de comunhão, pode produzir a completa perda de propósito e força do pequeno grupo em sua missão. É normal no início do pequeno grupo as pessoas serem mais superficiais, mas o processo de reuniões semanais, confraternizações, reuniões especiais e celebrações de datas festivas, a amizade e afinidade irem aumentando. Conhecer as pessoas e gerar relacionamentos autênticos é fundamental para o desenvolvimento do pequeno grupo.

É na comunhão que os desafios serão superados, cargas divididas, alvos alcançados e as pessoas serão edificadas. É no pequeno grupo que os companheirismo, o compartilhamento e a contribuição se fortalecem e promovem a maturidade. A comunhão tem como objetivo interligar as pessoas com Cristo e o seu amor.

  1. Organização e administração do Pequeno Grupo

“Então o Senhor respondeu: Escreva claramente a visão em tabuinhas, para que se leia facilmente.” Habacuque 2: 2

Tudo planejado, organizado e bem administrado tem inúmeras chances de alcançar os objetivos estabelecidos. Pequenos Grupos funcionam semanalmente, em muitas igrejas são em média 40 (quarenta) reuniões durante o ano. Um volume tão grande de reuniões, ações, eventos e encontros merece e precisa de muita organização e planejamento. Por isto, a falta de organização é um grande inimigo dos pequenos grupos. São casos e mais casos de trabalhos de pequenos grupos que não estabelecem a organização como prioridade, não incentivam o planejamento e a administração correta com receio, as vezes uma desculpa, que na igreja não pode haver nenhum sinal da filosofia empresarial, tudo precisa ser espontâneo e voluntário.

A organização não anula a flexibilidade e a sensibilidade que o trabalho com pessoas na igreja exige. Posso afirmar que nunca vi ou ouvi que as ferramentas administrativas resolveram todos os problemas do pequeno grupo, contudo, fazer a gestão correta com a parte espiritual bem estruturada aumenta consideravelmente a qualidade de todo trabalho. Dentre as ações de organização gostaria de apontar aquelas que fizeram muita diferença onde trabalhei: relatórios mensais, reuniões mensais e encontros de planejamento semestral e anual.

  1. Evangelismo relacional

“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” I Pedro 2: 9,10

O quinto e último inimigo dos pequenos grupos é não evangelizar, não anunciar as grandezas de Deus. Não menos importante que os outros inimigos do pequeno grupo, a falta de evangelismo pode levar um pequeno grupo ao fim. O evangelismo relacional é confessar quem é Deus para você e anunciar seu plano de salvação as pessoas que estão próximas a você, aquelas que fazem parte do seu ciclo de amizade. Precisa ser incentivado e praticado por cada membro do pequeno grupo. Nossos amigos (as), vizinhos e familiares que ainda não são cristãos, devem ser nossos alvos permanentes de oração, compartilhamento do evangelho e devem ser convidados semanalmente para as nossas reuniões.

Negligenciar o evangelismo relacional é perder a chance de ver as pessoas próximas de nós experimentando a nova vida que apenas Cristo pode dar.

Não permita que estes inimigos vençam a batalha contra o seu pequeno grupo, ore, estude a Bíblia, promova a comunhão, organize-se e evangelize o tempo todo.

Pr. Rodrigo Ferreira