Após o período da igreja primitiva vieram uma série de ondas de perseguição aos cristãos e durante esse período o formato dominante dos encontros dos cristãos foi em pequenos grupos nos lares, tendo em vista os perigos que envolviam o culto comunitário público em grande grupo. Contudo, após o Edito de Milão sancionado por Constantino o cristianismo deixou de ser uma religião proibida e dentro em pouco tempo alcançaria o status de religião dominante na Europa, norte da África e Oriente Médio.

Aparentemente o conceito da igreja em pequenos grupos foi sendo colocado de lado e cada vez mais a religiosidade medieval se apegava ao templo como o lugar sagrado, o clero como o mediador dessa relação e o culto dominical como forma definitiva de adoração ao Eterno. Apenas no período da Reforma, com Spener, Wesley e outros o conceito de pequeno grupo ressurgiu com vigor renovado e a partir de então os pequenos grupos migraram para outras diversas áreas de estudo e aplicação, da administração a sociologia.

É bom lembrarmos que atualmente a igreja cristã não é a única que está promovendo reflexões, artigos, livros e debates sobre o papel do pequeno grupo na construção social. Na última década sociólogos, psicólogos, administradores, estrategistas, líderes corporativos e acadêmicos nas mais diversas áreas estão com os seus olhares voltados para o pequeno grupo e alguns trabalhos tem lançado luz sobre este conceito.

Os pequenos grupos tem sido motivo de interesse nas mais diversas áreas por que “pequenos grupos provêem níveis de intimidade e suporte emocional que gerações passados tinham em suas famílias, vizinhos e ‘tribos’. Como a sociedade americana se torna cada vez mais instável e sem raízes, pequenos grupos provê em um senso de comunidade e permitem mobilidade uma vez que os pequenos grupos estão disponíveis ao longo da cidade”. Cruz e Ramos ressaltam que “os pequenos grupos, segundo os sociólogos e psicólogos sociais, por viabilizarem relacionamentos mais próximos, são facilitadores das redes de comunhão, interação e comunicação entre os participantes, permitindo maior funcionalidade e uma dinâmica mais eficaz e criadora em suas atividades”.

Logo podemos definir pequeno grupo como “uma modalidade de grupo que congrega uma pequena quantidade de pessoas, tendo como motivação um objetivo comum a seus participantes. Além da busca de um objetivo comum, existem outras características que definem um grupo como tal, a saber: a interação entre os membros, o dinamismo específico de cada grupos e a comunhão”.

Neste sentido, não precisamos ignorar os avanços e descobertas que os mais diversos pesquisadores, cristãos e não cristãos, tem feito no sentido de desvendar os mecanismos de comunicação e cuidado envolvidos no pequeno grupo.

Texto extraído do curso “Fundamentos dos Pequenos grupos”
Por Rodrigo Ferreira