Jesus trouxe para o centro de seu ministério os pequenos grupos, utilizando esta estratégia de maneira muito eficaz no discipulado. Os apóstolos compreenderam a importância dos pequenos grupos, de maneira que na igreja primitiva os cristãos exerceram tanto a prática de encontros em grande grupo como em pequenos grupos.

 No livro de Atos, o narrador nos dá uma breve pintura panorâmica a respeito de como a Igreja Primitiva estava se desenvolvendo em Atos 2.42-47. Este é o primeiro de três “resumos” da vida da igreja que Lucas faz em Atos (1.42-47; 4.32-25; 5.12-16) e descreve aproximadamente os três primeiros anos da vida da igreja em Jerusalém. Neste texto tão conhecido, vemos que os primeiros cristãos se encontravam no templo em grande grupo, como era próprio dos judeus que iam ao templo cultuar ao Senhor, fazer suas orações e ler as Escrituras. Neste momento, a igreja ainda desfrutava de um ambiente pacífico e as perseguições ainda não haviam iniciado. Dessa forma, os cristãos iam ao templo como os judeus o faziam e ali adoravam a Jesus e celebravam coletivamente sua fé.

No entanto, além de se encontrarem no templo, celebravam também a fé cristã nos lares dos que criam. Em pequenos grupos, de maneira íntima e alegre, esses irmãos se reuniam regularmente nas casas para comerem juntos com a mesma constância que iam ao templo em grande grupo. O narrador afirma que os discípulos de Jesus faziam este movimento do grande para o pequeno grupo e vice-versa todos os dias, uma vez que a expressão “todos os dias” se aplica a toda a sentença do versículo 46, segundo Richard N. Longenecker, e não apenas a primeira parte do versículo conforme a sugestão da NVI.

A respeito do equilíbrio que havia entre estes encontros de grande e pequeno grupo, é importante relembrar a citação de John Stott quando o mesmo afirma que havia um grande “equilíbrio em relação a dois aspectos: a adoração era tanto formal como informal, pois ocorria no templo e nas casas […] Como complemento dos cultos, havia as reuniões mais informais nas casas, além do culto distintivo dos cristãos, com a celebração da Eucaristia […]

A igreja primitiva praticava os dois tipos de adoração, e nós devemos fazer o mesmo. Todas as congregações, pequenas e grandes, deveriam dividir-se em pequenos grupos”. E como eram essas reuniões em pequenos grupos? O texto nos informa no início sobre as atividades gerais da igreja e provavelmente elas se aplicam também ao que acontecia na reuniões nos lares: ensino, comunhão, partir do pão e orações. Cruz e Ramos afirmam que “na igreja primitiva, também o ensino sobre o reino de Deus aconteceu com maior ênfase em Pequenos Grupos”.

Além do ensino, “um dos elementos indispensáveis nas reuniões caseiras dos primeiros cristãos era a oração”. Esse ambiente certamente fez florescer relacionamentos profundos e transformadores, de maneira que também “foi nos lares, em pequenos grupos, que os primeiros cristãos vivenciaram, enfaticamente, uma genuína comunhão”. Ensino relevante e aplicado, uma experiência de relacionamentos profundos e transformadores, comer juntos a mesa e uma cultura de intercessão uns pelos outros. Dessa maneira a igreja se apropriou do estilo de vida de Jesus em pequenos grupos.

Extraído do Curso Fundamentos dos Pequenos Grupos
Pr. Rodrigo Ferreira