Eu treinei um pastor há alguns anos que adotou a filosofia da igreja em pequenos grupos, mas não mudou seus valores interiores. Conforme eu o treinava ao longo dos meses, descobri que ele naturalmente gastava a maior parte de seu tempo no culto de celebração dominical, mais especificamente no preparo de seu sermão. O ministério de pequenos grupos recebia as sobras de sua atenção. Quando eu o desafiei sobre isso, ele reconheceu que ficava entusiasmado com a multidão dos cultos de domingo e não conseguia sentir esse mesmo entusiasmo com o ministério de pequenos grupos.

Pastores de igrejas em pequenos grupos apaixonados, por outro lado, se concentram em quantos ouvintes podem ser convertidos em discípulos que irão pastorear grupos domésticos que, por sua vez, vão evangelizar e discipular outras pessoas (Mateus 28.18,20). Eles se concentram na infraestrutura de pequenos grupos a fim de alinhar-se com a verdade do Novo Testamento de que o trabalho do pastor é preparar o povo de Deus para a obra do ministério (Efésios 4.11,12).

George Whitefield e John Wesley foram contemporâneos na Inglaterra do século XVII. Ambos se dedicaram à obra de Deus no mesmo pequeno grupo (Holy Club) na Universidade de Oxford. Ambos eram excelentes na pregação ao ar livre. Ambos testemunharam milhares de conversões através de seus ministérios. No entanto, John Wesley deixou para trás uma igreja forte e vibrante, enquanto George Whitefield tinha poucos frutos tangíveis ao fim de seu ministério. Por quê? Wesley dedicou-se a treinar e liberar discipuladores que lideraram pequenos grupos, enquanto Whitefield estava muito ocupado pregando e fazendo o trabalho do ministério.

Você é mais como Whitefield ou como Wesley? O que você precisa mudar para se concentrar em fazer discípulos que fazem discípulos?

Embora tanto o pequeno grupo como o culto de celebração sejam importantes na igreja em pequenos grupos, eu acredito que a infraestrutura do pequeno grupo deve guiar a igreja. A estratégia da igreja em pequenos grupos se concentra em preparar pessoas leigas para se tornarem discípulos que fazem discípulos. Isso é, guiar as pessoas que ficam apenas sentadas nos bancos da igreja para ajudá-las a passar por um processo de treinamento, envolvimento com os pequenos grupos e liderança para os pequenos grupos.

A igreja orientada para o discípulo, em contraste com o modelo de atração dominical, concentra-se na infraestrutura dos pequenos grupos. O pastor se concentra no crescimento da igreja de dentro para fora. Uma igreja frutífera é igual a transformar os membros em ministros que lideram pequenos grupos. Dale Galloway disse muito bem: “O conceito é que primeiro você constrói líderes. Os líderes constroem grupos. Fora desses grupos vêm mais líderes e ocorre a multiplicação em mais grupos” (Tradução livre, livro 20-20 Vision, p. 155).

A estratégia orientada para o discípulo é direta e simples: concentre-se no desenvolvimento de discipuladores que liderem pequenos grupos multiplicadores, e eles, por sua vez, vão fazer a colheita e pastorear a igreja. Essa é a estratégia que Cristo deu aos Seus discípulos em Mateus 9.37,38: “A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Peçam, pois, ao Senhor da seara que envie trabalhadores para a sua seara”. A meta de novos pequenos grupos é a meta dos novos discipuladores que estão sendo equipados e enviados como trabalhadores da colheita. O papel do pastor é guiar a igreja para que ela se concentre nesta estratégia de fazer discípulos.

 

Por Joel Comiskey